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A influência parental nas preferências alimentares das crianças

  • Daniela Duarte e Renato Paiva
  • 10 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

As crianças precisam de regras claras e objetivas, colocadas com segurança e na hora certa, para que, num futuro próximo, isso permita que as mesmas possam se socializar. A importância do ‘não’ e do estabelecimento de regras é um fator organizador na estruturação subjetiva do ser humano. Estabelecer limites não é tarefa fácil, mas muito mais complicado é mantê-los. Ter de enfrentar o choro, resmungos, birras e até mesmo o nosso próprio comodismo é muito mais difícil.

As crianças e os jovens necessitam de regras e limites para crescerem de forma ajustada e saudável. Mas, como estabelecer regras e limites?... Como adequar castigos e recompensas?... Porquê?... Quando?... Em que situações? Será que a alimentação deve ser considerada como castigo ou recompensa?

Os hábitos alimentares começam na infância

Os nossos hábitos alimentares, tal como os conhecemos na idade adulta, começam na infância e vão-se solidificando através das experiências a que somos sujeitos. Os pais desempenham um papel preponderante nos hábitos alimentares de qualquer criança. Além de serem os responsáveis pela alimentação dos seus filhos, todas as suas acções são consideradas como modelo e, por isso, repetidas.

Se, por um lado, muitos dos nossos hábitos alimentares são condicionados desde os primeiros anos de vida, por outro, uma alimentação saudável durante a infância é essencial para um normal desenvolvimento e crescimento, bem como na prevenção de problemas de saúde ligados à alimentação. O papel da família na alimentação e na educação alimentar das crianças e jovens é inquestionável, mas a escola, e em especial o jardim-de-infância, assume uma particular importância nesta questão.

A tomada de decisões saudáveis

A capacitação dos jovens para a tomada de decisões saudáveis no momento da escolha e consumo de alimentos pode não ser suficiente. Em particular, se o ambiente que os rodeia dificultar essa escolha.

- O Tomás teve um excelente no teste, então, hoje, vamos aos hambúrgueres do centro comercial jantar!

- A Margarida melhorou o seu desempenho a matemática e quando chegar a casa tem um saquinho de chocolates de prémio.

Levar os seus filhos ao restaurante que eles gostam, aprovar o consumo de refrigerantes ou permitir doces além do previsto, é um hábito comum para premiar o bom comportamento dos filhos. Já alguma vez fez algo do género aos seus filhos? A verdade é que estas ações, quase adquiridas socialmente como naturais, podem trazer diversas desvantagens para a saúde das crianças e mesmo problemas em contexto familiar.

Por um lado, as crianças geram expetativas de recompensa sempre que exercem uma boa prática, ou têm um bom comportamento, provocando a associação de que serão recompensadas. O que por si não é interessante uma vez que as boas práticas e bons comportamentos são base de educação, não complementos a premiar. Por outro, quando a recompensa é alimentar, está geralmente associada a alimentos carregados de calorias e açúcar oferecidos pelos pais como forma de agradar as suas crianças. Este comportamento torna-se perigoso, uma vez que pode desencadear um transtorno de compulsão alimentar periódica. Ao longo da vida, os alimentos de maior palatibilidade (sabor) a que as crianças ficam habituadas, vão estar associados a actividades de prazer, podendo mesmo, mais tarde, existir uma perda de controlo e ansiedade. A compulsão alimentar que poderá desenvolver-se trará consequências, como excesso de peso, ou mesmo obesidade e doenças associadas a esta como a diabetes.

Uma outra prática comum e incorreta é oferecer uma sobremesa aos seus filhos, apenas quando estes terminem toda a refeição. Existe ainda um pensamento empírico de que as crianças devem comer tudo o que têm no prato (quantidade definida pelos seus próprios pais e usada como moeda de troca). Antes de mais, deve estar atento ao crescimento do seu filho. Caso o percentil se encontre dentro dos níveis adequados e não exista nenhuma regressão, é sinal de que provavelmente a quantidade de alimentos que consome é suficiente. Adequar as porções deve ser uma preocupação, assim como, o castigo ou recompensa de comer ou não a sobremesa não deve estar associado ao comer tudo. A alimentação deve ser regrada e equilibrada e não depender de fatores externos.

A influência dos estilos educativos parentais nos hábitos alimentares e no estado nutricional das crianças tem sido alvo de investigação nos últimos anos, uma vez que os pais influenciam o desenvolvimento das crianças e da sua percepção com os alimentos. Será que a solução passa por explicar às crianças os benefícios de alimentos saudáveis, para crescerem mais fortes e com mais energia? Se estes forem utilizados também como recompensa, não!

Um outro hábito praticado é incentivar a criança a comer vegetais e se o fizer, no final poderá comer um doce. De acordo com a literatura científica, este hábito pode fazer com que a criança fique a gostar ainda menos dos vegetais e a apreciar maioritariamente o doce. Em contraposição, também não é indicado estimular o consumo de um alimento, através da oferta de tarefas ou brinquedos que a criança goste.

Tome nota

Adote estratégias diferentes, não valorize demasiado as ocasionais recusas alimentares e consuma alimentos que quer que o seu filho coma. Dê o exemplo. Apesar de ser importante os seus filhos perceberem que um comportamento correto, um sucesso no teste, são acções normais no dia a dia. Tal como no seu trabalho esperam que cumpra corretamente as suas funções. No entanto, se decidir mesmo fazê-lo pode optar por outras soluções, como um livro, levar os seus filhos a passear, ir 15min mais tarde para a cama, optar por soluções que se traduzam em bons momentos de brincadeira entre a família. Acredite que não existe maior recompensa do que um maravilhoso programa em conjunto e eles, certamente, valorizarão muito mais.

Por Daniela Duarte – Nutricionista

Renato Paiva – Pedagogo

 
 
 

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